Somos um piscar de olhos diante da existência do Universo.


Ele foi o maior divulgador científico do século XX, e talvez, o maior de todos os tempos. Suas explicações simples onde revelava as descobertas da ciência encantavam dos mais leigos aos mais especialistas. Sua maestria com as palavras e sua oratória implacável, emocionavam dos mais jovens aos mais velhos.  Suas pesquisas sobre o sistema solar e a sua busca pela vida e inteligência extraterrestre, fizeram dele o astrônomo mais famoso do mundo. Seus numerosos livros e sua série Cosmos, inspiraram um punhado enorme de pessoas a divulgar, ensinar, estudar e fazer ciência (inclusive aquele que vos escreve).





Este foi Carl Sagan, um homem norte-americano que passou a infância observando as estrelas, e a vida adulta estudando-as em seu centro de pesquisas na NASA. De 1960 (data de seu doutorado em astronomia e astrofísica) , até 1996 (data de sua morte), Carl nos ensinou coisas maravilhosas, não só restritas ao campo científico, mas também lições humanas, de como conviver em paz e prosperar de forma agradável e otimista em uma civilização altamente desenvolvida tecnologicamente.
Neste texto, tentarei reunir 7 destas principais lições. Se você não o conhece, poderá saber o grau de relevância que suas ideias alcançaram, e perceber a sua enorme preocupação para com o destino deste planeta. Se você o conhece, este artigo servirá apenas para complementar a sua admiração acerca dele. Agora, se você o conhece bem, poderá desfrutar deste texto como uma ótima lembrança do que o grande mestre Sagan realizou em nosso mundo.
Aproveite então, e confira as 7 maiores lições que Carl Sagan ensinou para mim, para você e para todos nós:
1. Nosso planeta é pequeno e frágil
Este minúsculo ponto, distante 6.4 bilhões de quilômetros, no meio de um raio solar, é a Terra, o nosso lar. Cada ser humano sobre quem você ouviu falar e cada pessoa que já existiu, viveu ali, em um grão de pó suspenso num raio de sol.


Em 14 de fevereiro de 1990, quando completava seu objetivo primordial, o comando da missão Voyager 1 manobrou-a para que virasse e tirasse fotografias dos planetas que havia visitado. Em uma dessas imagens estava a Terra, a 6,4 bilhões de quilômetros de distância, mostrando nosso insignificante planeta como um “pálido ponto azul”. Uma das primeiras imagens que nos brindou a certeza de que somos apenas poeira neste vasto Universo.
Antes disso, a famosa fotografia realizada pela missão Apollo 8, mostrando a Terra acima da Lua, já havia levado a espécie humana a olhar a Terra como apenas uma parte do Universo, mas ainda não permitia vislumbrar totalmente nossa insignificância. E foi exatamente isso que Sagan queria mostrar-nos ao pedir que a Voyager tirasse uma foto da Terra de bem longe. Essa foto única terminou inspirando Carl Sagan a escrever o livro “Pálido Ponto Azul”, em 1994, e também um discurso épico, em 11 de Maio de 1996, um marco para a história da ciência. 

Com essa imagem e com um espírito benevolente encarnado em sua mente, Carl nos fez reconhecer o quão especial é este nosso pequeno torrão de rocha e metal, um inofensivo planeta na grande e envolvente escuridão cósmica. Mesmo assim, ele é, até o momento, único em diversos aspectos:
  1. É o único mundo conhecido, até hoje, que alberga a vida.
  2. É o único conhecido que possui vida inteligente.
  3. É o único, até o presente momento, com belezas naturais acobertas de espécies diversas.
  4. E é o único berço de todos nós!
É nossa responsabilidade cuidar e estimar este pálido ponto azul, o único lar que, um dia, já conhecemos.
Foto tirada pela sonda Curiosity em 31 de janeiro deste ano, mostrando a Terra vista de Marte.
2. Nossa existência é nova, breve e preciosa
O calendário cósmico foi uma ideia incrivelmente genial de Carl, que o descreveu em seu livro “Os Dragões do Éden” de 1977. Mais de 30 anos depois esta ainda é uma das formas mais didáticas de demonstrar a história do Universo. Ele condensa os presumíveis 13,7 bilhões de anos de existência do Universo em um único ano e mostra-nos o quão breve, nova e preciosa é a nossa existência.
Apenas nas últimas horas do último dia do calendário cósmico, surge, nas savanas da África o Homo sapiens, às 22:30. Às 23:00 o homem aprende a fabricar utensílios de pedra, e às 23:46h, na China, inicia-se o uso do fogo. Quando o relógio do calendário marca 23:56, inicia-se a última Era Glacial, e três minutos depois, às 23:59, tem início a história da arte nas cavernas da Europa.

Com o aprimoramento da inteligência, os marcos da história humana deixam de acontecer em minutos para se tornarem questão de segundos cósmicos.  Às 23:59’20” é inventada a agricultura
e às 23:59’35”, ocorre a criação das primeiras cidades. O tempo passa e às 23:59’50” florescem as grandes dinastias no Egito e na Suméria. Um segundo depois ocorre a invenção do alfabeto, e, mais dois segundos adiante, o início da Idade do Bronze e, logo em seguida, da Idade do Ferro. Buda nasce em 23:59’55” e Jesus em 23:59’56”.
Neste mesmo segundo, aparece o surgimento da civilização grega e do Império Romano. A ciência acelera com Euclides (geometria), Arquimedes (física) e Ptolomeu (astronomia). Em 23:59’57” o Império Romano cai e as Cruzadas começam em 23:59’58”. No último segundo do ano cósmico, em 23:59’59”, a Europa vive o Renascimento e a Era dos Descobrimentos. Descartes cria o método experimental científico e Galileu usa seu telescópio para descobrir as manchas solares e as 4 grandes luas de Júpiter, abrindo caminho para a ciência e astronomia moderna.

Na meia-noite de 31 de dezembro ocorre o começo da cultura moderna, o desenvolvimento da Ciência e tecnologia, a Revolução Francesa, a Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial, a chegada do Apollo XI à Lua, a exploração planetária e a busca pela vida extraterrestre.

Tudo, absolutamente tudo, que está registrado em todos os livros de história do mundo, ocorreu no pequeno canto inferior direito do calendário cósmico. Todas as pessoas que já pisaram na Terra e todas as nossas memória boas ou ruins destas, viveram em um piscar de olhos nos últimos instantes de 31 de dezembro.
Mesmo assim, conseguimos através da persistência e do uso do método científico, a glória da alta tecnologia, conforto e comunicação atuais. A ciência é tão poderosa que em apenas 500 anos, um curto segundo no tempo cósmico, conseguiu fazer com que o homem desse passos em outro mundo, e explorasse limites além dos confins do sistema solar.
”Nós somos sortudos sortudos de viver neste tempo. O primeiro momento na história humana, na qual, estamos de fato visitando outros mundos. 
Se não nos destruirmos poderemos, um dia, aventurar-nos até as estrelas.”